A febre é um dos sintomas que mais preocupam os pais. Bastam alguns minutos com o termômetro marcando acima de 37,8°C e o alarme dispara: será algo grave? Precisa correr para o hospital? Pode dar antitérmico em casa?
Embora seja comum na infância, a febre nem sempre é motivo de pânico — mas também não deve ser ignorada. Saber identificar os sinais que exigem atenção médica é essencial para proteger a saúde do seu filho e agir no momento certo.
Neste artigo, você vai entender o que é febre, por que ela aparece, quando é um sinal de alerta e quando é necessário procurar o pediatra.
O que é febre, afinal?
A febre não é uma doença, mas sim um sintoma — uma resposta natural do corpo a algo que está errado. O aumento da temperatura é um mecanismo de defesa do organismo, que “eleva o termostato” interno para dificultar a ação de vírus, bactérias ou outros invasores.
A temperatura corporal normal varia entre 36,5°C e 37,5°C. Consideramos febre quando:
• Temperatura axilar (debaixo do braço): acima de 37,8°C
• Temperatura oral: acima de 38°C
• Temperatura retal (mais comum em bebês): acima de 38°C
Importante: Sempre use termômetros confiáveis e evite medir logo após banho quente ou choro intenso, pois isso pode alterar o resultado.
Por que a febre é tão comum nas crianças?
Crianças, especialmente as menores de 5 anos, têm o sistema imunológico em desenvolvimento. Isso significa que qualquer infecção ou inflamação — mesmo leve — pode desencadear febre.
Além disso, as crianças vão à escola, têm contato com outras pessoas, colocam objetos na boca e estão constantemente expostas a novos vírus e bactérias. A febre, nesses casos, é uma forma do corpo dizer: “estou lutando contra algo”.
Principais causas de febre na infância
As causas mais comuns de febre em crianças incluem:
• Infecções virais: resfriados, gripes, viroses intestinais, roseola, etc.
• Infecções bacterianas: infecções de garganta, ouvido, pulmão, urina.
• Pós-vacinação: é comum ter febre leve nas 24-48 horas após vacinas.
• Inflamações: como em casos de alergias, erupções ou dentição (com controvérsias).
Na maioria dos casos, a febre é leve, passageira e autolimitada. Mas é preciso saber quando ela foge do padrão.
Quando a febre é sinal de alerta?
Nem toda febre é preocupante, mas há situações que exigem atenção imediata ou avaliação médica nas primeiras 24 horas. Abaixo estão os principais sinais de alerta:
- Bebês com menos de 3 meses de idade com qualquer febre (acima de 37,8°C)
Nessa faixa etária, o sistema imune ainda é muito imaturo. Mesmo febre baixa pode indicar algo sério.
Ação recomendada: vá ao pronto-atendimento imediatamente.
- Febre acima de 39°C em qualquer idade
Febres muito altas podem indicar infecções bacterianas mais graves. Se vier acompanhada de outros sintomas, exige avaliação rápida.
- Febre que dura mais de 3 dias
Mesmo que a criança pareça bem, febre persistente por mais de 72 horas precisa ser investigada, pois pode indicar infecção ou inflamação mais complexa.
- Febre com sonolência excessiva ou irritabilidade extrema
Se a criança está muito molinha, não responde bem, dorme demais ou está extremamente irritada, pode ser sinal de infecção sistêmica ou alteração neurológica.
- Febre com dificuldade para respirar
Respiração rápida, ruídos no peito, esforço para respirar ou batimento das asas do nariz são sinais que devem ser avaliados com urgência.
- Febre com manchas na pele
Pontos vermelhos, manchas roxas ou erupções associadas à febre podem indicar infecções sérias como meningite, dengue ou escarlatina.
- Febre com vômitos persistentes ou diarreia intensa
Além da infecção, há risco de desidratação, especialmente em crianças pequenas. Sinais como boca seca, pouca urina e choro sem lágrimas também preocupam.
- Convulsão febril
A convulsão é uma resposta do cérebro a uma elevação brusca da temperatura. Embora assuste muito, nem sempre está relacionada a doenças graves. Mas após um episódio, a criança deve ser avaliada com urgência.
O que observar além da febre?
Mais importante do que o número marcado no termômetro, é observar o estado geral da criança. Veja o que observar:
• Está ativa e brincando entre os picos de febre?
• Está mamando/comendo normalmente?
• Está urinando bem?
• Está respondendo aos estímulos dos pais?
• Tem outros sintomas associados?
Crianças que apresentam febre, mas continuam se alimentando bem, brincando e estão com o estado geral preservado, geralmente não estão com algo grave.
Como agir em casa quando a febre aparece?
Em casos leves, é possível controlar a febre em casa com os seguintes cuidados:
- Ofereça bastante líquido
Água, leite, sucos naturais e leite materno (no caso de bebês). A hidratação ajuda o corpo a combater a infecção e regula a temperatura.
- Vista roupas leves e mantenha o ambiente ventilado
Evite agasalhar demais a criança febril. Isso pode piorar a sensação de mal-estar.
- Ofereça alimentos leves
Nada de forçar a alimentação. Prefira refeições leves e nutritivas, conforme a aceitação da criança.
- Uso de antitérmicos
Só devem ser usados com orientação médica e respeitando a dose por peso. Evite alternar remédios sem prescrição.
Importante: O antitérmico controla o sintoma, mas não trata a causa da febre.
O que não fazer com uma criança com febre
• Não ofereça banho gelado: isso pode causar desconforto e calafrios.
• Não use álcool ou compressas com vinagre: são tóxicos e perigosos.
• Não “empurre” antibióticos por conta própria.
• Não ignore a febre só porque a criança parece “bem”: observe a evolução.
E a febre que vai e volta? Isso é normal?
Febres que aparecem e desaparecem ao longo do dia são comuns em infecções virais, como gripes e resfriados. O importante é observar a progressão dos sintomas e o comportamento da criança entre os episódios febris.
Febre intermitente por muitos dias pode indicar infecções como urinária, dengue, mononucleose ou doenças inflamatórias. Nesses casos, o ideal é consultar o pediatra e realizar exames.
Quando agendar consulta com o pediatra?
Você deve procurar o pediatra nos seguintes casos:
• A febre dura mais de 48–72 horas sem causa clara.
• A criança teve febre repetidas vezes no mês.
• Febres que aparecem junto com sinais respiratórios, urinários ou de pele.
• Sempre que houver dúvida ou insegurança.
O acompanhamento com um pediatra de confiança ajuda a entender o padrão da criança e agir com mais segurança.
Exames e diagnóstico: o que o pediatra pode solicitar
Durante a consulta, o pediatra vai avaliar:
• Estado geral
• Frequência cardíaca e respiratória
• Hidratação
• Sinais de infecção em garganta, ouvido, pulmões, pele ou abdome
Se necessário, o médico pode solicitar exames de laboratório ou de imagem.
Conclusão: febre é um sinal, não um inimigo — mas merece atenção
Febre é uma ferramenta do corpo para combater infecções. Embora assustadora para os pais, ela nem sempre significa algo grave.
O segredo está em observar o comportamento da criança, identificar sinais de alerta e buscar atendimento quando necessário.
Se você está em dúvida sobre o quadro febril do seu filho, não espere: agende uma consulta pediátrica. É sempre melhor prevenir do que correr riscos desnecessários.
Na nossa clínica, oferecemos atendimento pediátrico humanizado, com orientação individualizada e foco no cuidado integral da criança. Estamos aqui para ajudar você a cuidar com mais tranquilidade e segurança.