Dra. Marina Campana – Pediatra Neonatologista e Pediatria integrativa

A febre é um dos sintomas que mais preocupam os pais. Bastam alguns minutos com o termômetro marcando acima de 37,8°C e o alarme dispara: será algo grave? Precisa correr para o hospital? Pode dar antitérmico em casa?

Embora seja comum na infância, a febre nem sempre é motivo de pânico — mas também não deve ser ignorada. Saber identificar os sinais que exigem atenção médica é essencial para proteger a saúde do seu filho e agir no momento certo.

Neste artigo, você vai entender o que é febre, por que ela aparece, quando é um sinal de alerta e quando é necessário procurar o pediatra.

O que é febre, afinal?

A febre não é uma doença, mas sim um sintoma — uma resposta natural do corpo a algo que está errado. O aumento da temperatura é um mecanismo de defesa do organismo, que “eleva o termostato” interno para dificultar a ação de vírus, bactérias ou outros invasores.

A temperatura corporal normal varia entre 36,5°C e 37,5°C. Consideramos febre quando:
• Temperatura axilar (debaixo do braço): acima de 37,8°C
• Temperatura oral: acima de 38°C
• Temperatura retal (mais comum em bebês): acima de 38°C

Importante: Sempre use termômetros confiáveis e evite medir logo após banho quente ou choro intenso, pois isso pode alterar o resultado.

Por que a febre é tão comum nas crianças?

Crianças, especialmente as menores de 5 anos, têm o sistema imunológico em desenvolvimento. Isso significa que qualquer infecção ou inflamação — mesmo leve — pode desencadear febre.

Além disso, as crianças vão à escola, têm contato com outras pessoas, colocam objetos na boca e estão constantemente expostas a novos vírus e bactérias. A febre, nesses casos, é uma forma do corpo dizer: “estou lutando contra algo”.

Principais causas de febre na infância

As causas mais comuns de febre em crianças incluem:
• Infecções virais: resfriados, gripes, viroses intestinais, roseola, etc.
• Infecções bacterianas: infecções de garganta, ouvido, pulmão, urina.
• Pós-vacinação: é comum ter febre leve nas 24-48 horas após vacinas.
• Inflamações: como em casos de alergias, erupções ou dentição (com controvérsias).

Na maioria dos casos, a febre é leve, passageira e autolimitada. Mas é preciso saber quando ela foge do padrão.

Quando a febre é sinal de alerta?

Nem toda febre é preocupante, mas há situações que exigem atenção imediata ou avaliação médica nas primeiras 24 horas. Abaixo estão os principais sinais de alerta:

  1. Bebês com menos de 3 meses de idade com qualquer febre (acima de 37,8°C)

Nessa faixa etária, o sistema imune ainda é muito imaturo. Mesmo febre baixa pode indicar algo sério.
Ação recomendada: vá ao pronto-atendimento imediatamente.

  1. Febre acima de 39°C em qualquer idade

Febres muito altas podem indicar infecções bacterianas mais graves. Se vier acompanhada de outros sintomas, exige avaliação rápida.

  1. Febre que dura mais de 3 dias

Mesmo que a criança pareça bem, febre persistente por mais de 72 horas precisa ser investigada, pois pode indicar infecção ou inflamação mais complexa.

  1. Febre com sonolência excessiva ou irritabilidade extrema

Se a criança está muito molinha, não responde bem, dorme demais ou está extremamente irritada, pode ser sinal de infecção sistêmica ou alteração neurológica.

  1. Febre com dificuldade para respirar

Respiração rápida, ruídos no peito, esforço para respirar ou batimento das asas do nariz são sinais que devem ser avaliados com urgência.

  1. Febre com manchas na pele

Pontos vermelhos, manchas roxas ou erupções associadas à febre podem indicar infecções sérias como meningite, dengue ou escarlatina.

  1. Febre com vômitos persistentes ou diarreia intensa

Além da infecção, há risco de desidratação, especialmente em crianças pequenas. Sinais como boca seca, pouca urina e choro sem lágrimas também preocupam.

  1. Convulsão febril

A convulsão é uma resposta do cérebro a uma elevação brusca da temperatura. Embora assuste muito, nem sempre está relacionada a doenças graves. Mas após um episódio, a criança deve ser avaliada com urgência.

O que observar além da febre?

Mais importante do que o número marcado no termômetro, é observar o estado geral da criança. Veja o que observar:
• Está ativa e brincando entre os picos de febre?
• Está mamando/comendo normalmente?
• Está urinando bem?
• Está respondendo aos estímulos dos pais?
• Tem outros sintomas associados?

Crianças que apresentam febre, mas continuam se alimentando bem, brincando e estão com o estado geral preservado, geralmente não estão com algo grave.

Como agir em casa quando a febre aparece?

Em casos leves, é possível controlar a febre em casa com os seguintes cuidados:

  1. Ofereça bastante líquido

Água, leite, sucos naturais e leite materno (no caso de bebês). A hidratação ajuda o corpo a combater a infecção e regula a temperatura.

  1. Vista roupas leves e mantenha o ambiente ventilado

Evite agasalhar demais a criança febril. Isso pode piorar a sensação de mal-estar.

  1. Ofereça alimentos leves

Nada de forçar a alimentação. Prefira refeições leves e nutritivas, conforme a aceitação da criança.

  1. Uso de antitérmicos

Só devem ser usados com orientação médica e respeitando a dose por peso. Evite alternar remédios sem prescrição.
Importante: O antitérmico controla o sintoma, mas não trata a causa da febre.

O que não fazer com uma criança com febre
• Não ofereça banho gelado: isso pode causar desconforto e calafrios.
• Não use álcool ou compressas com vinagre: são tóxicos e perigosos.
• Não “empurre” antibióticos por conta própria.
• Não ignore a febre só porque a criança parece “bem”: observe a evolução.

E a febre que vai e volta? Isso é normal?

Febres que aparecem e desaparecem ao longo do dia são comuns em infecções virais, como gripes e resfriados. O importante é observar a progressão dos sintomas e o comportamento da criança entre os episódios febris.

Febre intermitente por muitos dias pode indicar infecções como urinária, dengue, mononucleose ou doenças inflamatórias. Nesses casos, o ideal é consultar o pediatra e realizar exames.

Quando agendar consulta com o pediatra?

Você deve procurar o pediatra nos seguintes casos:
• A febre dura mais de 48–72 horas sem causa clara.
• A criança teve febre repetidas vezes no mês.
• Febres que aparecem junto com sinais respiratórios, urinários ou de pele.
• Sempre que houver dúvida ou insegurança.

O acompanhamento com um pediatra de confiança ajuda a entender o padrão da criança e agir com mais segurança.

Exames e diagnóstico: o que o pediatra pode solicitar

Durante a consulta, o pediatra vai avaliar:
• Estado geral
• Frequência cardíaca e respiratória
• Hidratação
• Sinais de infecção em garganta, ouvido, pulmões, pele ou abdome

Se necessário, o médico pode solicitar exames de laboratório ou de imagem.

Conclusão: febre é um sinal, não um inimigo — mas merece atenção

Febre é uma ferramenta do corpo para combater infecções. Embora assustadora para os pais, ela nem sempre significa algo grave.
O segredo está em observar o comportamento da criança, identificar sinais de alerta e buscar atendimento quando necessário.

Se você está em dúvida sobre o quadro febril do seu filho, não espere: agende uma consulta pediátrica. É sempre melhor prevenir do que correr riscos desnecessários.

Na nossa clínica, oferecemos atendimento pediátrico humanizado, com orientação individualizada e foco no cuidado integral da criança. Estamos aqui para ajudar você a cuidar com mais tranquilidade e segurança.

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